A Federação Moçambicana de Operadores de Madeira (FEDEMOMA) procedeu hoje, ao lançamento do projecto de revitalização das associações florestais, capacitação dos operadores madeireiros em matéria de legislação e regulamento florestal, Segurança e Saúde Ocupacional (OSH) e conduta empresarial responsável, uma iniciativa que conta com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), através do projecto MOZTRABALHA.
O projecto visa capacitar, organizar e fortalecer as associações de operadores florestais em Moçambique, restaurando a sua confiança, legitimidade e papel estratégico na gestão sustentável dos recursos que pertencem às comunidades.
No seu discurso de lançamento, o Presidente da FEDEMOMA, Jorge Chacate, salientou que este projecto representa um marco importante para o futuro das florestas de Moçambique, porquanto reflecte o compromisso colectivo com uma gestão sustentável, inclusiva e responsável dos recursos florestais do país.
“Num contexto em que as nações, de forma crescente, apelam a uma abordagem equilibrada e racional da exploração dos recursos naturais, torna-se urgente desencadear acções concertadas entre todos os intervenientes do sector florestal, com o objectivo de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e garantir que as futuras gerações possam continuar a beneficiar das nossas florestas”, destacou.
Desafios enfrentados pelas associações
Num país onde as florestas naturais ocupam cerca de 32 milhões de hectares, cobrindo aproximadamente 40% do território nacional, e onde cerca de 80% da população depende das florestas para obter energia doméstica, alimentos, medicamentos e materiais de construção, torna-se incontornável a necessidade de transformar a gestão florestal num pilar central do desenvolvimento sustentável.
Contudo, ao longo dos últimos anos, muitas associações florestais enfrentaram inúmeros desafios, entre os quais se destacam:
- Fragilidade das suas estruturas de governação;
- Falta de capacidade técnica;
- Dificuldades de acesso ao mercado formal;
- E, em alguns casos, o declínio do espírito associativo.
Estes desafios ocorrem num cenário de pressão crescente sobre os recursos florestais, agravado pelas alterações climáticas e pela exploração ilegal. É neste contexto que surge este projecto de revitalização, que não é apenas uma iniciativa técnica, mas um compromisso profundo com a transformação do sector florestal.
“Queremos ver associações florestais fortes, autónomas, bem estruturadas e resilientes, capazes de negociar contratos justos, participar nas decisões políticas e gerir os seus recursos com visão estratégica. Queremos transformar o sector florestal num exemplo de boa gestão, desenvolvimento local e preservação ambiental”, concluiu Chacate.
O projecto pode servir como modelo para outras cadeias de valor
Intervindo no evento de lançamento do projecto, o Presidente da CTA, Álvaro Massingue, felicitou a FEDEMOMA e a OIT por esta iniciativa que aborda de forma concreta e estratégica três pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável do sector:
- Reforço institucional das associações florestais;
- Domínio da legislação e regulamentação do sector;
- Promoção da segurança, saúde ocupacional e conduta empresarial responsável.
O Presidente da CTA salientou que este projecto pode servir como modelo para outras cadeias de valor, promovendo boa governação, maior formalização e competitividade no mercado interno e externo.
“Este projecto, ao focar-se na capacitação das associações nas províncias de Manica, Sofala e Niassa, intervém em zonas-chave com elevado potencial florestal, mas também com fragilidades institucionais e risco de exploração predatória”, referiu Álvaro Massingue.
Para a CTA, esta é uma oportunidade para reafirmar a sua visão de um sector florestal que seja economicamente viável, ecologicamente responsável, e socialmente inclusivo.