O Sector Privado moçambicano, representado pela CTA, considera que as Pequenas e Médias Empresas (PME´s) nacionais estão prontas para se estruturarem de modo a responder os requisitos de procurement das grandes empresas, mais especificamente no que respeita às boas práticas, que lhes permitam participar nos negócios de fornecimento de bens e serviços.
Falando na última terça-feira, na Conferência sobre Infra-estruturas para Gás em Moçambique, evento realizado na cidade de Maputo, cujo objectivo era apresentar ao sector privado local e internacional o ponto de situação da indústria do petróleo e gás no que diz respeito a projectos estratégicos de infraestruturas que criam oportunidades de fornecimentos de bens e serviços e subcontratações nas áreas de construção e de logística para o mercado nacional, o Vice-presidente da CTA, Agostinho Vuma, defendeu a necessidade de as Pequenas e Médias Empresas serem devidamente enquadradas nos padrões das grandes empresas ou a imposição de requisitos seja de forma gradual e proporcional ao volume de negócios envolvido.
Desta forma, Agostinho Vuma sublinhou que a participação das PME´s será efectiva, permitindo uma exploração de recursos inclusiva. “Neste processo, a CTA pretende continuar a servir de plataforma de facilitação das ligações empresariais no sector”, frisou, referindo que as descobertas efectuadas até ao momento e publicitadas pelas autoridades indicam que Moçambique será um dos maiores produtores deste recurso no mundo com um volume estimado em 100 triliões de pés cúbicos de gás natural na Bacia do Rovuma, cujo investimento estimado para as infra-estruturas está em torno de 25 biliões de dólares americanos. Este valor, é quase duas vezes o PIB actual de Moçambique.
Sendo assim, Agostinho Vuma considera fundamental a criação de capacidade para absorção destes investimentos.
“Tendo em conta este volume, surgiu a necessidade de se organizar esta conferência como plataforma para, mais uma vez, discutir as oportunidades de negócios no sector de recursos minerais e hidrocarbonetos, assegurando informação contínua à classe empresarial sobre as janelas de negócios existentes neste sector”, referiu Agostinho Vuma.
Ciente do desafio que o fornecimento de bens e serviços à indústria extractiva coloca às PME´s nacionais, face às fragilidades e limitações que ainda enfrentam, a CTA, através do seu Pelouro de Recursos Minerais e Hidrocarbonetos e do Pelouro da Construção, em parceria com o Governo, tem vindo a organizar vários encontros em todo o País, visando debater a proposta da Lei sobre o Conteúdo Nacional, que se espera que seja, brevemente, aprovada.
Ademais, a CTA promoveu a formação em matérias de Conteúdo Nacional, Certificação de Qualidade, Segurança e Ambiente das empresas e visitas de estudo às potenciais compradoras de bens e serviços das Pequenas e Médias Empresas que decorreram em cinco províncias, nomeadamente: Cabo Delgado, Nampula, Tete, Sofala e Maputo-Província, tendo sido cobertos 324 participantes.
Este programa culminou com a realização da Primeira Conferência Internacional sobre o Conteúdo Nacional, que tinha como objectivo divulgar, melhorar e harmonizar o entendimento nacional sobre a matéria, incluindo a monitoria da implementação dos respectivos instrumentos de política e legal.
Para o Vice-presidente da CTA, esta Conferência trouxe algumas experiências internacionais que mostraram ser possível fazer a abordagem sobre o Conteúdo Nacional de forma gradual, contrato a contrato, onde cada proposta de projecto de exploração de recursos naturais, apresenta as metas de desenvolvimento do Conteúdo Nacional.
O projecto da construção da planta de LNG em Palma, é um dos empreendimentos apetecíveis ao sector privado, em matérias de conteúdo nacional, uma vez que o projecto constitui uma grande oportunidade de negócio para o empresariado local, entre outras, pela necessidade de se construírem vias de acesso, terminal portuário, construção de casas e todo o tipo de serviços de suporte, alimentação e serviços de saúde.
A CTA espera que dos debates que surgiram na Conferência, o Governo consiga encontrar estratégias e sinergias capazes de contribuir para a maximização das receitas desta indústria do futuro e por conseguinte garantir a diversificação da economia em todas as suas áreas.
CTA antevê um ano melhor e de mais produção
Fazendo uma retrospectiva daquilo que foi 2016, em termos económicos, o Vice-presidente da CTA disse que foi um ano de muitos desafios, resultantes, em parte, da dependência que os mercados mundiais e a economia real revelavam face aos estímulos monetários e orçamentais, bem assim devido ao conflito político – militar vivido no País, e antevê, para 2017, um ano melhor e de mais produção.
Para sustentar este optimismo, Agostinho Vuma socorreu-se das previsões do Governo que indicam um crescimento económico de 5,5 por cento, acima dos 3,9 por cento de 2016 e uma inflação média anual de 14 por cento, contra 27 por cento registado em 2016.
“Este prognóstico aliado ao anúncio da cessação das hostilidades militares no País, constituem, sem sombra de dúvidas, grandes instrumentos de motivação e recuperação da confiança do empresariado nacional e estrangeiro para continuar e intensificar o seu investimento no País”, realçou Agostinho Vuma, para depois apelar, veementemente, para que a paz que agora vivemos seja definitiva e efectiva.