
Um dos painéis da XVI CASP, discutiu os “Mecanismos de Facilitação de Financiamento ao Sector Privado”, tendo como Keynote Speaker o Presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, e Painelistas Khiuri Zucula da Business Angels Association, Takudzwa Chinhengo, Co-founder e CEO da Harare Receivables Exchange no Zimbabwe, Elizabeth Howard, Co-founder e CEO da Lelapa Fund e Membro da Africa Crowd Funding Association no Kenya. Salim Valá apontou a necessidade de se alterar o actual cenário através de mudança de paradigmas e abordagem na concepção e prática de financiamento às PME’s, por isso a BVM está a estudar mecanismo de criação de um terceiro mercado para as Start Ups.
Na sua explanação, o PCA da BVM, Salim Valá, disse que actualmente as políticas económicas estão centradas no potenciamento das PME’s que correspondem a cerca de 98.6% do tecido empresarial moçambicano. Contudo, este seguimento empresarial tem enfrentado grandes dificuldades no acesso ao financiamento, pelo que, há necessidade de alterar o actual cenário através de mudança de paradigmas e abordagem na concepção e prática de financiamento às PME’s. O crédito tradicional exige o que muitas empresas não têm, nomeadamente, garantias reais, histórico, contabilidade organizada, contas auditadas, estrutura organizativa adequada, etc. Para além disso, a banca não está em todo território, e por isso tem um alcance limitado, pelo que, há necessidade de encontrar outras alternativas.
Neste sentido, Salim Valá explicou que uma das alternativas é o financiamento através do mercado de capitais que capta poupança dos investidores para o investimento produtivo, através da colocação e transacção de valores mobiliários das empresas, Equity (venda ou emissão de acções) ou Debt (emissão de obrigações e outros títulos de dívida).
Igualmente, referiu que a BVM tem as PME’s no seu radar e contempla um mercado específico para as PME’s, sendo que desde 2017 tem a primeira PME cotada (Zero Investimentos, SA). Referiu ainda que a BVM está a reflectir na criação de um terceiro mercado para as Start Ups.
BUSINESS ANGELS
O painelista Khiuri Zucula da Business Angels Association explicou que a Business Angels foi criada para potenciar o desenvolvimento das Start Ups numa fase inicial através de advocacia, financiamento e facilitação do financiamento. Contudo, existem ainda alguns desafios para o estabelecimento da Business Angels em Moçambique, isto é, o ecossistema ainda não é favorável, não existe ainda uma regulamentação para a actuação da Business Angels em Moçambique.
Ainda neste contexto, partilhou-se a experiência do Zimbabwe através da Bolsa de Recebíveis, tendo sido referido que o sector privado pode também ser financiado através de instrumentos modernos que têm sido adoptados em vários países. Um destes instrumentos, são os recebíveis que consistem no financiamento das empresas através de transacções dos seus fluxos de caixa.
No entanto, apesar desta prática não ter chegado ainda a Moçambique, há exemplos de sucessos como é o caso de Zimbabwe e África do Sul onde esta modalidade de financiamento tem vindo a crescer substancialmente.
CROWD FUNDING
Na sua intervenção, Elizabeth Howard da Lelapa Fund explicou que o Crowd Funding consiste numa modalidade de financiamento em que o empreendedor convida o público investidor a participar ou a financiar o seu projecto com pequenas quantias, através de uma plataforma online onde o seu projecto está publicado. Esta prática tem sido muito pouco explorada em Moçambique mas tem-se mostrado uma alternativa viável para o financiamento às pequenas empresas nos outros países.
Ficou assente que, o mercado de capitais pode ser um grande modelo de redução do custo de capital e aceleração do financiamento ao sector privado.