Na sequência da sessão do Comité da Política Monetária, realizada a 18 de Junho corrente, o Banco de Moçambique reuniu-se, dia seguinte, com o sector privado para informar sobre as decisões tomadas nessa sessão e os seus efeitos na economia. Entre as decisões tomadas pelo CPMO do BM, destaca-se a redução da taxa de juros em 75 pb para 15.75%; redução da taxa de facilidade permanente de depósitos (FPD) em 50 pb para 12%; manutenção da taxa de facilidade permanente de cedência (FPC) em 18%; e a manutenção da taxa de reservas obrigatória em 14% para depósitos em moeda doméstica e 22% para depósitos em moeda estrangeira.
No encontro com o sector privado, o Administrador do Banco de Moçambique, Felisberto Navalha, explicou que o Banco Central tem vindo a adoptar uma postura expansionista na condução da política monetária desde Abril de 2017, período em que iniciou a sequência de cortes sucessivos das taxas directoras por várias razões, dentre elas a necessidade de estimular o crescimento da economia através do aumento da disponibilidade de financiamento à economia e manter a inflação estável e em harmonia com as metas regionais da SADC.
A Inflação medida pela variação do IPC tem estado relativamente baixa e estável, sendo que as projecções realizadas apontam para uma inflação moderada na escala de 1 dígito até os finais do presente ano. Em Maio do ano corrente a inflação esteve em 3.26% face aos 20.45% verificados no período homólogo de 2017, o que dá indicações claras de uma redução significativa do nível geral de preços nos períodos recentes.
Entretanto, uma vez que a inflação tem estado a dar indicações de estabilidade, estas medidas expansionistas foram essencialmente motivadas pelo objectivo de estimular a recuperação da actividade económica que tem estado a apresentar sinais de abrandamento nos períodos recentes.
Sector Privado entende que a redução podia ter sido maior
O Sector Privado reagiu positivamente a esta redução das taxas directores, no entanto, entende que podia ter sido numa dimensão maior, uma vez que ainda existe espaço para tal se olharmos para as taxas de juros de depósitos sob ponto de vista real. Adicionalmente, o sector privado entende que para reforçar essas medidas, o BM podia também reduzir a taxa de reservas obrigatórias para libertar liquidez de uma forma mais efectiva e com efeitos de curto prazo.
O sector privado entende ainda que, se o Banco de Moçambique pretende estimular o investimento privado através da redução das taxas de financiamento à economia, deve monitorar se os bancos comerciais reagem a essa redução na mesma dimensão. Tem-se notado que, os bancos comerciais reagem timidamente à queda das taxas directoras o que faz com que o efeito esperado com a redução destas taxas possa não se materializar na magnitude alvejada. Para além disso, considerando que a inflação está actualmente em 3.26%, nota-se que ainda existe um espaço muito grande para a redução das taxas directoras sem prejudicar os ganhos reais dos agentes económicos em operações passivas, uma vez que sendo a taxa de juros de depósitos de médio e longo prazo de 13.38%, a remuneração real dos depósitos seria de 10.12%.
Da mesma forma, A FPD também podia ser reduzida numa dimensão maior, sendo que considerando os 12% fixados nesta sessão do CPMO, a FPD real é de 8.74%, o que significa que o BM pode reduzir a FPD em mais 8.74 pontos percentuais sem prejudicar a remuneração real dos depósitos dos bancos comerciais no Banco Central.
