CONFEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES ECONÓMICAS DE MOÇAMBIQUE

CONFEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES ECONÓMICAS DE MOÇAMBIQUE

POSSÍVEIS CANAIS DE IMPACTOS DO BREXIT EM MOÇAMBIQUE

POSSÍVEIS CANAIS DE IMPACTOS DO BREXIT EM MOÇAMBIQUE

O termo “BREXIT” ficou famoso nos últimos meses. É uma fusão de duas palavras inglesas, “BRITAIN”, diminutivo nativo para Grã-Bretanha e “EXIT”, que significa saída. As duas palavras juntas foram usadas para denominar a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. A Grã-Bretanha ou Reino Unido decidiu fazer um referendo como forma de consultar a população local se preferiam sair da União Europeia ou permanecer. O resultado foi 52,1% a favor da saída, o que significa que a maioria prefere sair. Depois da divulgação dos resultados do referendo, muitas inquietações foram levantadas sobre os possíveis impactos da decisão na economia global. No nosso caso, temos que reflectir sobre que impactos possíveis e que canais esperados? Este artigo constitui uma contribuição nessa reflexão.
No primeiro dia, após o anúncio dos resultados do referendo sobre o BREXIT, a moeda da Grã-Bretanha registou perdas significativas em relação as principais moedas. Esta depreciação da Libra Esterlina contribuiu para o fortalecimento das moedas, imediatamente, alternativas como o Dólar Norte-Americano e o Euro. Isto transmitir-se-á para o Metical, dado que o Dólar é, também, usado como reserva de valor. O fortalecimento aumenta as expectativas dos seus ganhos futuros. Isto não é bom para o Metical, podendo registar mais perdas no futuro em relação as principais moedas, com destaque para o Dólar.

Pound agains dollar

 

A nível dos produtos primários, o BREXIT tem vindo a ter impacto negativo. A turbulência gerada com a decisão da saída da Grã-Bretanha da União Europeia (EU) leva os mercados a acreditarem numa desaceleração da economia mundial nos próximos tempos e, com isso, redução da procura pelos produtos primários. Em Fevereiro, o preço do barril estava a 30 dólares, tendo subido até aos 51 dólares em Junho. Esta tendência de recuperação do preço do barril havia melhorado as perspectivas do sector energético, antevendo-se a retoma de investimentos. Para Moçambique, esta era uma boa notícia, de tal forma que a crença da retoma dos investimentos no sector energético a médio-prazo iria acontecer. Entretanto, os dados da primeira semana depois do BREXIT mostram uma tendência de queda do preço do petróleo que já estava registando uma recuperação. Aliás, quando as sondagens começaram a indicar, cada vez, mais certa a vantagem dos que defendiam a saída da Grã-Bretanha da UE, os preços começaram a cair e atingiram 46 dólares por barril em cinco dias. Com a queda, e se for contínua, as expectativas de investimentos no sector energético ficam goradas e pode colocar em risco os projectos na Bacia do Rovuma em Moçambique.
Outro canal através do qual a economia de Moçambique poderá sentir os efeitos do BREXIT, será no campo das relações comerciais. Nos últimos cinco anos, a Grã-Bretanha tornou-se num parceiro comercial cada vez relevante, a avaliar pelo volume do comércio que saiu de 25 milhões de dólares em 2010 para cerca de 330 milhões em 2014, tendo atingido os 700 milhões pelo meio, em 2012.

comercio entre mocambique e gra-bretanha

Fonte: Banco de Moçambique, Balança de Pagamentos 2014, nº11.

 

A UE constitui um parceiro estratégico para Moçambique e nela inclui-se a Grã-Bretanha. Actualmente, estas relações comerciais entre a UE e Moçambique estão enquadradas no Acordo de Cotonou, assinado em 2000, e por Acordos de Parceria Económica (APE) entre a UE e a SADC.
Com o BREXIT, todos estes acordos irão sofrer alterações, dependendo dos resultados de negociações a começarem em breve entre a UE e Grã-Bretanha. Os produtos moçambicanos que estão no meio destas relações comerciais são amendoim, bananas frescas ou secas e tabaco não processado. Portanto, as empresas que produzem este tipo de produtos deverão preparar um plano de contingência para uma eventual alteração do quadro de relações comerciais com a Grã-Bretanha, como resultado do BREXIT.
Do lado das importações, os APE previam que os direitos de importação sobre muitos dos chamados bens intermédios seriam, significativamente, reduzidos, facilitando aos empresários o acesso aos produtos. De referir que, maioritariamente, Moçambique importa da Grã-Bretanha maquinarias diversas mecânicas e de processamento de dados, bem como acessórios de aparelhos de escritório. Com o BREXIT, estes produtos caem fora da UE e poderão merecer outro tipo de tratamento fiscal e aduaneiro. Fique atento, caro empresário!

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