Na sequência da escassez de divisas no mercado financeiro para o pagamento de facturas no exterior, a CTA iniciou, no dia 10 de Fevereiro, o processo de submissão, por parte das empresas, de pedidos de pagamentos de facturas de importação e/ou termos de compromissos em aberto há mais de 3 meses, que não tenham sido satisfeitos pelos bancos comerciais. O processo terminou na última sexta-feira, dia 14, e hoje, convocou a imprensa para apresentar os resultados, a serem submetido ao Banco de Moçambique, nos próximos dias, como prova material e quantitativa de que o problema de divisas no mercado cambial é real e muito sério, exigindo atenção do Governador do Banco para a busca de soluções.
No geral, 63 empresas submeteram os pedidos, das quais 41% são do sector industrial, 25% da aviação, e os restantes do comércio geral. O valor das facturas não satisfeitas pelos bancos comerciais é de 373 milhões de dólares. Esta estimativa está, ligeiramente, abaixo do que a CTA já tinha apresentado, anteriormente, portanto, 402 milhões de dólares, justificada pelo curto espaço tempo concedido para a submissão da informação, que foi de 5 dias.
Deste valor, 40% é do sector de aviação, sinalizando ser este o mais afectado, actualmente. Aliás, devido a esta situação, muitas companhias decidiram suspender alguns voos para Moçambique, bem como vender seus bilhetes a partir de agências de viagens baseadas no estrangeiro.
Seguidamente, os sectores da indústria com 26% e comércio, são os mais afectados.
Analisando a dinâmica das exportações e importações de Moçambique, nota-se que o problema do mercado cambial poderia ser diferente, quando bem endereçado. Por exemplo, a cobertura de exportações sobre importações, incluindo os GPs – Grandes Projectos, é de 87%. Numa situação destas, não seria justificável a escassez que se verifica. Contudo, dado que a maior parte da receita dos GPs não tem sido repatriada, o problema torna-se visível.
GPs devem repatriar receitas de exportação
Sendo assim, para reduzir a escassez de divisas no mercado, para importação de matérias-primas em 500 milhões de dólares, a CTA propõe que o Governo inste as empresas no sector da indústria extractiva, em particular, a repatriar receitas de exportação dos grandes projectos.
Esta medida, em pouco tempo, poderia contribuir para o restabelecimento normal da fluidez de divisas.
Banco de Moçambique deve ser mais ágil e criativo
Após a recepção destes documentos das empresas, a CTA irá submetê-los ao Banco de Moçambique, como prova material e quantitativa de que o problema de divisas no mercado cambial é real e muito sério, exigindo atenção do Governador do Banco para a busca de soluções. A não resolução deste problema a curto prazo, tem o condão de agravar a situação económica na qual Moçambique se encontra e deteriorar, ainda mais, as oportunidades de emprego, levando à continuidade das convulsões sociais que se têm assistido. Assim, a CTA convida o Banco de Moçambique a ser mais ágil e criativo de modo a contribuir para a paz social que todos desejamos.